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Ok?

domingo, 6 de junho de 2010

Vidinha

Fn


Entrou com os dois pés:

Posso saber por que anda falando mal de mim?  
Falando mal de uma pessoa que eu nem conheço?
Ah, não conhece? Pois eu sou a Vida, muito prazer.
Mais ou menos.
Mais ou menos o quê?
O prazer... Hoje em dia tá mais pra menos do que pra mais.
Tá vendo? Já tá falando mal de mim novamente, outra coisa, entenda de uma vez por todas, não sou eu, a Vida, que tenho que lhe dar prazer, mas o senhor que deve ir atrás, entendeu?
Entendi, mas qual a razão do "senhor"?
Que "senhor"
O "senhor" a que a "senhora" se referiu, dona Vida.
Ah... Queria que eu lhe chamasse de você, ou de insaciável, como fazem as meninas do...
Psss, não vamos baixar o nível.
Está bem, você que sabe, voltando ao motivo da minha visita, do que você se queixa, amarga criatura?
Eu???? Quase nem me queixo de nada, Vidinha, tá certo que às vezes eu solto umas exclamações até certo ponto grosseiras.
Sei... aquelas do tipo: "Mas que Vida filha da puta!!!" é essa?
Desculpe, não queria ofender a jovenzinha.
Agora, na minha presença, diz que sou jovem, antes vivia me amaldiçoando, reclamando do tempo que passou rápido demais.
Bem verdade... mas, vem cá, Vidinha, não conheço ninguém que não reclame de ti, ao mesmo tempo em que te adoram, te acham maravilhosa, coisa e tal.
Esses são os que nunca irão me conhecer a fundo.
E o que você é de verdade? Lá no fundo, é boa ou má? Justa ou injusta? Amarga ou doce como o mel?
Nem umas coisas nem outras, não sou nada, e sou tudo ao mesmo tempo. Sabe aquela música: "Eu não existo sem você"? Então, é sempre você que é alguma coisa, percebe? Eu sou tua, e de mais ninguém.
Tá certo, é o único caso de fidelidade em que podemos acreditar de olhos fechados.
Como disse? 
Nada, nada... falava que acredito em você até de olhos fechados.
De olhos fechados por quê? Me acha tão feia assim?
Você??? Acho não... Até que olhando com atenção, você é bem jeitosinha, tem uns detalhes muito interessantes, ainda por cima, fiel, mesmo sabendo de tudo que a gente faz.
Posso ser mais ou menos interessante, depende do dia, Saci.
Que Saci?
Saci, de inSaciável.
Essa doeu, Vidinha, mas depende de que dia?
Do dia que você acorda naqueles dias, por exemplo, aí eu sou pior que uma longa entrevista da Xuxa com a Marília Gabriela.
Ahhhh...
Tá vendo? Se não acordou de mal comigo, tudo bem, me acha linda.
Se não é linda, pelo menos, bem degustável, deglutível, comível, vamos dar uma saidinha, traçar uns pastéis de feira, cousa e tal?
Podemos, mas você tem que me prometer que nunca mais escreve coisas como: "A vida é feita de desolações. Resolvi devotar meus dias a sua reflexão".
Mas não fui eu quem escreveu isso, foi um filósofo, Schopenhauer.
Já morreu?
Faz tempo.
Bem feito, perdeu a vida, falando mal da minha pobre amiga.
Que amiga?
A vidinha desse tal Shopping Hauer, ué...
Bora sair?
Ce que sabe...
Sei sim, se sei...

(Depois que os dois saíram abraçados do blog, alguém postou esse comentário nas entrelinhas: "Lá vai o cara... Conheço aquele olhar de peixe morto. Tá é a fim de foder com a própria vida")

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