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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Hã...?

Qualquer pessoa que produza algo - pode ser uma camisa, um filme, um texto literário, uma caixa de chocolates – terá sempre em mente uma parede, um muro, que remeterá de volta o eco daquilo que produziu. Não é que o produtor trabalhe necessariamente pensando no consumidor, digamos que ele pressupõe a tal parede, o tal muro imaginário, que nada mais é do que um consumidor genérico, que remeterá, ou não, o eco do seu produto e dará a ele e ao seu criador uma resposta que envolve conceitos como qualidade, sensibilidade para perceber o que o consumidor aprova ou desaprova e, sobretudo, dinheiro ou a falta dele. Em cultura, sempre achei que uma coisa é produção, outra é consumo. Unir os dois equivale a lançar mão do famigerado marketing, que inevitavelmente passará a dar as ordens por aqui. O problema, portanto, não é a ausência do consumo em si, mas a eliminação daquela tal parede durante o ato de produção. É aí que se instala a solidão – difícil conviver com ela sem perder o rumo. Na verdade, não importa se alguém vai vestir a camisa, mas é indispensável acreditar que ainda haverá alguém com dois braços para enfiar naqueles túneis de pano, que chamamos "mangas". Quando ouvimos o eco cada vez mais baixo, costumamos aguçar os ouvidos para escutá-lo melhor. Às vezes dá certo; outras vezes você conclui que está na hora de comprar um daqueles mini-aparelhos digitais, pra colocar dentro do seu estafado ouvido. Agora, se ainda assim, o eco insiste em se tornar inaudível, não custa perguntar se a moda agora não é a camisa-de-força, aquela sem mangas para enfiar os braços. Vai ver que é uma dessas que a turma está querendo comprar. Tem gosto pra tudo... O marketing há de levar em consideração esta hipótese.

P.S. O Obama aí em cima é só para lembrar que se há um setor em que o marketing manda e continuará mandando eternamente, esse campo é a política. Daí que cultura e política são coisas que... Deixa pra lá.                                                                                                                                   

P.S. 2 - O texto a seguir está na newsletter da Veja (31/01/2009): "...Intrigante também o sucesso do filme Se Eu Fosse Você 2, com Tony Ramos e Glória Pires. A dupla, mostra a reportagem de VEJA, superou o próprio sucesso obtido com a versão original do filme em 2006. Com apenas quatro semanas em cartaz, atraiu 3,6 milhões de espectadores. Podem não ser criadores originais nem gênios, mas tanto o padre Fábio quanto os responsáveis pelo filme arrasa-quarteirão de Tony Ramos e Glória Pires estão ajudando a fortalecer o mercado nacional de produção cultural, um desafio que derrotou muita gente boa antes deles. 


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