Não existe um só gostar
nem dois
nem mil gostares.
Cada um tem um jeito de amar
com seus olhares.
Amar é expor a alma
de tão longe
fácil de alcançar.
É se deixar triturar
amordaçar
esbanjar
explodir
magoar.
Se preciso for
sem piedade.
Tudo isso a um só tempo
não sabendo se é sonho
o que se sonha de verdade.
Amar é coisa de dentro
independe de ser amado.
É ter
possuir em pensamento
querer tudo
querer mais
e ainda mais um pouco.
Coisa de dentro, esse amar louco
alucinado
por suas conquistas
não importa o que dizem os realistas.
Sem norte
sem razão
perdão do quê?
Amar também sufoca
deprime
desepera
não o nego.
Eis porque
como lhes digo
não vem dos olhos
o amor
posto que é cego.
O triste de tudo isso
é que um dia acaba essa paixão.
Vão-se as lembranças
as dores
os desejos
vai-se até a ilusão.
Só o que resta
é um lamento
rabiscado a lápis
para alguém apagar depois:
“Faz tempo que não sinto nada por ninguém.
Mas sinto muito por nós dois.”