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domingo, 9 de agosto de 2009
Madrugada
As palavras fogem da minha cabeça. Não querem descer até meus dedos tortos, nem passar por minha boca infame. Vão-se todas elas, escapam solitárias, carregando enfileirados pensamentos vazios. Sei que não há mérito algum em nada dizer, a não ser quando a omissão, por si só, ocupa o lugar de alguma verdade vagabunda, dessas que não merecem sequer o esquecimento no torpor do sono. Fogem-me as palavras, antes que delas tome consciência. Sei que algo há, pois está ali, à espera de ser narrado. Pode ser um crime, uma traição ou até mesmo um simples encontro de dois amigos numa rua deserta. Pode ser uma estória, que está prestes a ser escrita, com princípio, meio e fim. Mas também pode ser a própria história, que irá passar arrogante, com todos os seus séculos repetitivos. Mas e as palavras? Dançam à minha frente, sem que possa tocá-las. Tento argumentar que sem palavras não há vida, que é feita desse ir e vir de frases soltas. Rogo, suplico. Mesmo assim não se dignam sequer a parar por um momento, para que eu as olhe com atenção. Estou inerte, mas não vencido. Ainda tento segurá-las, agarrá-las no ar, senão uma inteira, pelo menos um pedaço, uma sílaba, talvez uma letra... Pura ilusão, não há como detê-las. Quando enfim desisto, uma delas sopra no meu ouvido: "Vai dormir. Talvez amanhã lembre-se do nada como se fosse um sonho".
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