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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Ephemerus

Transcorria o ano de 4004, contado a partir do século em que a gravidade se tornara mais forte, pesada demais, a ponto de encolher o universo até o seu desaparecimento, para em seguida novamente recomeçar a expansão . O truculento pronto pergunta à bela jovem in-vitro: "Quem é você?" Ela olha nos seus olhos e responde: "Penso que me envia uma pergunta sobre o lugar onde fui produzida. Você compreenderia facilmente lendo o que acabei de anotar em meus pensamentos, isto se soubesse ler algumas letras, umas poucas palavras, ao menos os signos luminosos que aqui estão gravados". O truculento pronto não para de enviar a mesma pergunta: "O que tem a me dizer sobre si mesma?" Aqui é preciso entender que, no ano de 4004, a partir do novo ciclo, todos os diálogos utilizam-se tão somente de olhares. A mesma questão deverá sempre ser repetida de forma não-redundante e sua resposta nunca poderá se ater ao simples enunciado da pergunta. A jovem, agora já adulta e com alguns sinais de envelhecimento precoce, responde: "Meus olhos enviam para si a recusa, pois considero que já está esgotado o tempo para certas práticas mundanas". Arranca com isso a simpatia da platéia de eleitos. O truculento pronto, agora já em processo de obliteração, desvia os olhos por um nanossegundo, o bastante para deixar escapar a bela presa com quem tanto sonhara. Como não sabia ler nem escrever, sequer identificava os signos luminosos em mentes singelas, o truculento permitiu que gravassem em sua biografia póstuma a frase que haveria de sintetizar sua efêmera existência:
"Podem tirar a vida de um homem, não lhe podem tirar a morte" (Boiocatus)

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