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sábado, 20 de dezembro de 2014

Os Futuros Eu Deixei Lá Atrás

Fn

É verdade. O mundo está ficando cada vez mais complicado e a vida cheia de armadilhas. Vai ver que é por isso que a operação mais usada em nossos dias não é a soma ou a subtração, a divisão ou a multiplicação, mas sim o reducionismo. Está em toda parte, na cabeça de todos nós. Nossa redução preferida consiste em descobrir onde está o "Bem", onde está o "Mal" e, uma vez identificados, colocá-los para brigar, numa disputa de vida ou morte. Tem sempre culpados e inocentes, vítimas e algozes, honestos e desonestos. Filmes, novelas, séries de TV, contos e romances transportam para a ficção o que já fazemos na vida chamada real desde crianças. Acho incrível como não percebemos que sempre existe o Bem dentro do Mal, assim como o Mal dentro do Bem. Um ou outro em estado puro de total bondade ou maldade infinita não passa de teoria, simplismo, preconceito, falsidade, hipocrisia.  
As pessoas dizem que por trás de tudo isso está a pressa que o mundo moderno nos impõe. Pode ser, acho que é. Na pressa de conhecermos alguém vamos reduzindo nossos valores, até que chegamos à "essência" que de  fato nos interessa: a aparência, acrescida da conta bancária. Em último caso, podemos até relevar a aparência, que pode não ser tão boa ou impactante, ficamos só com o $ para servir de medida. Este é o signo que comanda o mundo.
Na pressa de viver usamos o reducionismo para fazer da vida uma fuga inglória e desesperada da morte, que passamos desde crianças  a considerar o que existe de pior na vida. Como disse Scarlet sobre a eleição da atriz mais sexy, trata-se de uma idéia bem idiota.
Imagine uma pessoa que sofre de catalepsia. Ninguém sabe da doença, nem ele. Agora, encontra-se deitado no esquife. Todos choram na capela, porque ele, coitado, não conseguiu escapar daquela que a todos nos persegue com sua afiada foice. Um parente distante enche-se de brio e resolve que está na hora de fechar o caixão. O pobre "morto" quer gritar, pedir que o matem de verdade, mas não daquela forma silenciosa, tenta avisar que vão enterrá-lo vivo, promete então que nunca mais fará críticas a seus semelhantes, que são pessoas puras e bondosas em suas essências, elogia o reducionismo, que passa a chamar de "síntese existencial", mas o sujeito, o parente que ele mal conhece, já está com a tampa em movimento, enfim a escuridão, seus filhos da puta. O caixão balança nas mãos de amigos e parentes. A morte ainda vai demorar. 

* The Futures I Left Behind (peguei no weheartit.com postado por @DESTROYA)

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