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Ok?

terça-feira, 7 de abril de 2009



No início, havia o medo. Sempre juntos, longos
dedos tateavam as  trancas; perdidos olhos, 
dezenas, centenas, aos pares vasculhavam 
um só vazio; ainda assim, o medo sobrevivia. 
Ensaiaram cânticos à manhã que se abria,
adoraram o sol, que naquela terra 
tarde se deitava. 
Era esse o juramento: podiam ser muitos, 
mas estariam sempre juntos, ouvindo vozes, 
saboreando sorrisos, atentos um à respiração 
do outro. O medo, todavia, lá estava 
a marcar presença. 
Legítimo e doce temor, 
posto que unia.
Depois, ninguém sabe dizer quando nem 
por quê, perceberam que  um deles só se via 
quando o outro olhava. E o "estar-perto" 
começou a afastá-los. 
O sorriso já não era o mesmo; 
as vozes, de muitos,  calavam a noite; 
valia mais o olhar do outro 
que a singela alegria de ver-se-vendo. 
Foi então que o vazio deu lugar 
ao chão de estrelas, e o medo cedeu 
à valentia.
Hoje, poucos recordam que houve 
um início; mesmo esses, os que não se 
arrogam, ignoram se devem temer 
um futuro incerto ou lamentar o 
passado perdido para sempre. 
Assobiam um jingle do comercial da TV 
e vão em frente, não há mais 
em quem se agarrar. 

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