atebrreve@gmail.com

Ok?

sexta-feira, 15 de julho de 2011

TEATRAL: ABAIXO A PORNOGRAFIA!

ADVERTÊNCIA 2: Como tenho recebido inúmeras críticas e descomposturas pelo texto abaixo, vou logo avisando aos distintos leitores e visitantes: o que não falta nesse "Teatral" é pornografia. A própria ideia é pornográfica (faturar a cultura). Portanto, se não gosta, nem comece a ler. Mais abaixo tem outros que talvez você goste. Obrigado pela visita. Volte sempre.

O palco está às escuras, ainda com as cortinas cerradas. Nota-se um certo movimento, ruídos de copos, passos e cadeiras arrastadas. Plateia em penunbra.

(Voz feminina):

- Ai, ai, ai... Alguém comeu minha bocetinha ontem.
(Na plateia, lá no fundo, um figurante puxa a gargalhada, logo seguido por outras pessoas)

(No palco, a mesma voz feminina pergunta indignada, depois que os risos cessaram):

- Foi você, Toni?
(Voz masculina também no palco às escuras):

- Eu?! Eu, não... Comi alguma ontem, mas não foi a sua.

(Voz feminina):

- É pra isso que a gente casa? Pra ter um marido que come uma vagabunda qualquer enquanto deixa a própria esposa ser comida por... sei lá quem. Foi você, Gian?

(Outra voz masculina responde):

- Eu não comi ninguém... Quer dizer, não que eu me lembre.

(Novamente o figurante puxa outra gargalhada. Nisso abre-se a cortina, com o palco precariamente iluminado. Percebe-se que é um ensaio de uma peça, com atores e atrizes ainda segurando folhas de papel com suas falas. Ouve-se a voz do diretor, que vem de um megafone):
- Patrícia, você precisa mudar o tom de voz. Tem que ser um pouco mais exaltada, indignada. Lembre-se que você foi comida e não sabe quem foi o cara. No mínimo, não pode dar uma de boazinha, por mais que você queira.

(Voz feminina, que agora sabe-se ser de Patrícia, dialoga com diretor):

- Tá certo. Quer repetir a cena?

(Diretor em Off):

- Não. Deixa pra depois. Vamos em frente. Procure dar mais emoção à personagem.

(Patrícia, erguendo a voz):

- Só pode ter sido você, Daniel... Eu sabia, devia saber. Por que não fodeu a vagabunda da Celinha? Não é ela que é tua namorada?

(Celinha levanta-se vai na direção de Patricia):

- Vagabunda é você, que dorme sem calcinha, esperando que venham te comer. Olha só, tá até agora sem nada...

(Celinha tenta levantar a saia de Patrícia, que se esquiva. Nesse momento o palco se ilumina, mostrando uma sala desarrumada, mas com móveis e objetos de decoração luxuosos. Foco em Patrícia, que diz):

- É pecado agora andar à vontade dentro da própria casa? Não sabia... Foi você ou não foi, Dan?

(Daniel mexe-se no sofá, no canto oposto ao de Patrícia. Levanta, boceja e diz):

- Eu o quê, Pat?

(Patrícia, indignada):

- Quantas vezes vou ter que perguntar: alguém comeu minha bocetinha ontem, foi você?

(Celinha grita):

- Não responde, amor... É armação dela.

(Daniel):

- Sei lá se fui eu, Pat... Pode rer sido, mas que importância tem isso agora? Você dá pra todo mundo mesmo...

(Celinha):

- Não responde, Dan, não responde. Ela deve estar grávida e vai dizer que o pai é você. Eu conheço essa vadia.

(Daniel):

- Péra aí... Não tô entendendo nada. Como é que alguém pode ficar grávida da noite pro dia?

(Celinha):

- Não é isso, seu burro! Desculpe, Dan... Não quis ser grosseira. Ela já estava grávida antes de você fodê-la, entendeu?

(Patricia):

- Hãhã... Foi o Dan mesmo, não foi, dona Celinha? Na certa foi você quem mandou. Deve ter dito: “Vai lá, Dan... Come a vagabunda que ela tá querendo.

(Fred):

- E eu só queria saber que caralho é esse de todo mundo sair falando porra de palavrão pra tudo que é lado, puta-que-o-pariu... Tá parecendo peça de filho-da-puta que não sabe merda nenhuma a não ser falar pornografia.

(Diretor entra em cena):

- Não é assim com essa moleza, caralho! Fred, você está puto da vida com a babaquice da pornografia barata, entendeu, seu porra?

(Diretor, virando-se na direção de Patrícia e Celinha):

- Pat, quer fazer o favor de calar a boca... Já falei que não é pra ficar conversando no meio do ensaio, ainda mais com a Celinha que é sua inimiga na peça, assim não dá, cacete...

(Celinha):

- Calma, Di... é só o ensaio, na hora vai dar tudo certo. Vamo lá, vamo lá...

(Diretor):

- Quê que é isso agora?! É você que tá dirigindo?

(Celinha):

- Poxa, Di... Só queria ajudar, você reclama de tudo

(Diretor)

- Tô no meu papel, diretor é assim mesmo, tem que reclamar, berrar, dar porrada. Quer ver? Pat, da próxima vez que você ficar com vergonha de falar na bocetinha, eu arranco a tua roupa e como o teu cuzinho aqui mesmo!

(Patrícia, finge que está fazendo beicinho):

- Por isso que eu não queria ensaiar essa peça. Sabia que ele ia acabar confundindo as coisas e me tratando como uma putinha qualquer.

(Celinha):

- E você o que é, Patrícia? Além de uma putinha vagabunda...?

(Fred):

- Pronto, voltamos à vaca fria

(Daniel):

- Se você diz que é fria é porque não comeu, Pat é um tesão, cara.

(Risos)

(Patrícia):

- Não falei? Sabia que tinha sido você, Dan.

(Daniel):

- Eu o quê?!

(Patrícia):

- Você que comeu minha bocetinha ontem, sabia que...

(Diretor)

- Para, porra... Para! Pat, você ficou vermelha de novo quando falou bocetinha, pode uma coisa dessas?

(Celinha):

- Esquece, Di... Quê que tem? Deixa pra lá, se ela tem vergonha, problema dela

(Diretor):

- Problema dela é o caralho, porra...

(Fred, baixinho em aparte para a platéia):

- Olha a vaca fria aí de novo

(Diretor):

- Pat, vem cá... Olha bem nos meus olhos e fala

(Patrícia):

- Fala o que?

(Diretor):

- Bocetinha, fala: bo ce ti nha.

(Patrícia, imitando os gestos do diretor):

- Bo ce ti nha

(Diretor):

- Isso, agora fala de uma vez só, bem rápido

(Patrícia, fala rapidamente):

- Bocetinha

(Diretor):

- Pronto, ficou vermelha novamente, mas não é possível. Vou acabar tirando a tua bocetinha da peça

(Celinha):

- Péra aí, péra aí... A peça não é pra descobrir quem comeu a bocetinha da Pat? Se você tirar a bocetinha dela, acaba a peça, caralho.

(Diretor):

- Tem razão. Pat, fica vermelha, fica roxa, fica do jeito que você quiser.

(Diretor, olhando para Patrícia):

- O que foi agora? Tá chorando por quê?

(Gian):

- Você magoou ela, cara. Patrícia é uma menina sensível. E as meninas sensíveis choram, ficam vermelhas... entendeu?

(Diretor, resmungando):

- Era só que me faltava, aqui só tem amador...

(Fred para o diretor):

- E você é o quê? O Francis Ford Cupolla por acaso?

(Patrícia):

- Não é Cupolla, Fred... É Copolla. Deixa o "Cu" fora da peça

(Diretor):

- Sabe que você me deu uma idéia genial, Pat? Em vez de comerem a tua bocetinha, alguém vai comer o teu cuzinho, ah vai...

(Diretor bate palmas e fala para o elenco):

- Ensaiando, ensaiando... vamos voltar à noite em que Gian e Toni chegam bêbados e abraçados. Pat vai se deitar lá naquele canto do palco...

(Patrícia):

- Para, pode parar... Eu falo bocetinha sem ficar vermelha, a verdadeira atriz sabe se controlar, quer ver? "Bocetinha". Pronto, falei...

(O elenco inteiro aplaude a atriz. O diretor se aproxima, beija e abraça Patrícia)

(Depois de algum tempo, Celinha diz):

- Chega, Di... Você já foi longe demais com isso. Até as poltronas do teatro sabem que essa merda de peça só existe pra você faturar a Pat, só ela que ainda não percebeu. Você não vai fazer nada Toni? Vai ficar calado vendo o diretor agarrar tua mulher?

(Toni):

- Porra, Celinha... Você pirou? Pat só é minha mulher na peça, se o diretor quiser comê-la na real, pra mim tanto faz...

(Patrícia):

- Já sei, descobri!

(Patrícia para o diretor):

- Foi você não foi, Di? Fiquei sabendo pela pegada... senti.

(Celinha)
- Vagabundo... Era isso que você queria, desde o início, comer a protagonista.

(Diretor)

- Cala a boca, Celinha... Vem cá, Pat, deita aqui no sofá. Se solta, menina...

(Celinha aponta para os dois):

- Não falei? Olha lá...Tá até agora sem nada por baixo, a vadia.

(Fred):

- Todo esse carnaval pra comer uma putinha que dá pra todo mundo. Querem ver?

(Fred apontando para a plateia):

- Algum de vocês aí quer vir comer a Pat? Sobe aqui, vem...

(Alguns figurantes sobem da plateia para o palco. Cai o pano)

(Voz de Fred, lamentando):

- Agora é que a vaca foi pro brejo... Adeus patrocínio, adeus incentivo à cultura, Lei Rouanet é o caralho... O pau vai comer, no mau sentido.
(Fn)
OBS. Como era de se esperar, as críticas ao texto acima são ácidas, desestimulantes, algumas indignadas. Contudo recebo-as de bom grado, como a qualquer elogio. Amante incondicional da liberdade, sobretudo a de expressão, tentei habilitar novamente os comentários, mas até agora não consegui. Por enquanto, aguardo porradas e porretadas by mail, pode ser?

Seguidores

Arquivo do blog

Ahn...?

Minha foto
Filial do Eu, Liquidação de Neurônios, Churrascaria Almaminhadealcatra Dúvidas, críticas, reclamações, elogios? atebrreve@gmail.com