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Ok?

domingo, 1 de novembro de 2009

- Vai contar?
- Já falei que sim...
- Vai contar tudo? Tudo, tudo...?
- Talvez não conte uma ou outra coisinha.
- Tá certo, mas não se esqueça que eu também posso abrir minha boca e sair contando tudo o que eu sei.
- Tá me ameaçando?
- Não é ameaça. Do mesmo jeito que você diz que vai contar tudo, eu aviso que também posso, entendeu?

O diálogo acima pode ter como personagens dois homens, um homem e uma mulher ou duas mulheres. O cenário por sua vez pode ser a sede de uma empreiteira, a sala de uma residência, um quarto de motel ou os corredores do Congresso Nacional. No momento, o mais importante é saber que o único gênero capaz de abrir tantas possibilidades é a literatura, que anda desprezada, surrada, esquecida... Só ela alcança esse nível de intimidade entre o autor e a cabeça de quem está do outro lado da criação:

- Pra que essa arma agora? Você não está pensando em...
- Imagina... Julga que eu não seria capaz?
- Larga isso... Se atirar, você vai ser pre...

O diálogo foi interrompido porque:
Um senador ou um deputado se aproximou dos dois colegas que discutiam, um deles com um revólver junto ao paletó azul marinho?
Ou será que a mulher levou um tiro no quarto do motel?
Quem sabe não foi a polícia que invadiu a sala da residência, a tempo de impedir o disparo da pistola 7,65 nas mãos da ex-amante.

Tudo isso é possível, no cinema, no teatro, na TV, na vida real... mas só a literatura permite que você imagine o início e o final da estória.

Agora, se depois de tudo isso você ainda me pergunta: "E daí?", sinceramente tenho que ser um pouco grosseiro e te responder: "E daí, nada, porra..."

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