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sábado, 19 de dezembro de 2009

De fato, a verdade...

fn
A verdade, convenhamos, é o fato, o fenômeno em si.
Acontece que este fato ou fenômeno precisa de alguém para observá-lo e narrá-lo. 
Não que o fato não exista sem este alguém que o observe e o narre. Existe, só que permanece incógnito, incognoscível, inalcançável e por aí vai...  
Para atingi-lo é preciso observar e narrar.
Aí está a verdade?
Depende.
Imaginem vocês que quatro amigos bebem e conversam animadamente na mesa de um bar. De onde estão, observam que a mulher de Adamastor, um outro amigo ausente, sai de um hotel, de péssima reputação, aos beijos e abraços com um jovem que nenhum deles viu antes na vida. O casal ri e brinca. A mulher beija o rosto do rapaz, por sinal bem mais moço que ela. Os dois passam rente à mesa, mas a traidora finge que não os vê. A cena é constrangedora. Depois de alguma relutância, os quatro resolvem contar a verdade ao amigo ausente e enganado, miseravelmente traído pela própria mulher. Essa é, como se vê, a pura e triste verdade.
"Verdade? Que verdade?", pergunta o marido traído. Apressa-se a informar que Tereza, sua fiel esposa, está ali com ele, passou a tarde inteira a seu lado. Chama-a e ela desce bocejando, de pantufas e robe-de-chambre. 
Diante da estupefacção dos quatro leais companheiros, Adamastor, que há poucos minutos não passava de um pobre corno, esclarece que chegou à cidade a irmã gêmea de sua mulher, em viagem de férias com o filho. Como não conheciam a reputação do hotel, hospedaram-se ali por um dia, mas já esta noite passariam com eles, bem alojados na casa em que todos se encontram agora.
Não importa descobrir onde os quatro enfiaram suas boas intenções, só o que interessa é dizer que a verdade está na busca, na procura incessante, mesmo quando, aparentemente, já a encontramos. O fato, o fenômeno, nunca se esgota com a simples observação. 
 Quer mais um exemplo? Nenhum dos quatro amigos, muito menos Tereza, a esposa do ex-corno, sabiam do relacionamento extra-conjugal que Adamastor mantinha com sua cunhada. Jamais descobriram que era ele o verdadeiro pai do jovem que agora hospedava na própria casa e que, naturalmente, tratava como um dileto filho.

Como se vê, certas coisas na vida mudam de lado quando menos se espera, uma delas é a verdade, que, no entender de Adamastor, tinha mesmo que ser substantiva, singular e, sobretudo, feminina. Vai ser machista assim lá na mesa daquele bar, não é verdade?



Imagens: 
http://biggsy.wordpress.com/2008/10/25/be-careful-of-the-mirror/
e lampburning.wordpress.com/ 2009/08/06/ 
( Novo texto em Psicografia: 19.12.2009 - http://liquidacaodeneuronios.blogspot.com )

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