Fn
Ao dobrar a esquina
eis que me deparo com um casal
ancorado a um poste
de ferro trabalhado
cinza como seu passado
ilustre.
Lá no alto
uma lâmpada queimada
vencida
com o passar do tempo.
A hora é morna,
as mentes
vociferam algumas
outras confabulam
no eterno jogo
do poder em jogo.
Um prédio inteiro
em falsas chamas
de novela
frituras
gargalhadas
e ela, lá no alto
vê subir a grua
esquadrinhando mil janelas.
Intruso amigável
serial-killer?
quem sabe, um voyeur
sondando o que?
seu corpo inerte
a mente nua
passa por ela
e seus anseios.
Cego de penumbra
nada vê.
Falsas mariposas,
os dois que se beijavam
voam de mãos-dadas.
O homem na grua
troca a lâmpada queimada
bem na hora em que a cidade se ilumina
com o top da TV.
Às vezes, o banal
à força
abre caminho.