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domingo, 21 de março de 2010

Os Bons Olhos de Tsuy ( 3 de 6 )

(Veja o que é possível alcançar com boas promessas)


Quando o sujeito saiu da sala, fui olhar suas anotações: simples curiosidade, queria saber se já estava ali delineado o que o futuro nos reservara. Na hora fiquei em dúvida se era aquilo mesmo que eu entendera, tanto é que chamei você para ler o que eu acabara de ler e confirmar ou não o que ali estava escrito, talvez desde o início da nossa efêmera existência. Você balançou a cabeça tristemente e limitou-se a murmurar um estranho e fatalista estamos nas mãos desse bandido. 
Traduzindo em poucas palavras o que lemos, Tsuy, pobrezinha, seria manipulada pelo sujeito, que pretendia chantageá-la para que nos traísse covardemente, logo a nós que a inventamos. Você e eu estaríamos, mais dia, menos dia, envolvidos em algum crime, não éramos os verdadeiros culpados, mas, na mente doentia do sujeito, nunca teríamos como provar nossa inocência sem comprometer alguém que amávamos, e esse alguém, imaginamos, só poderia ser a pequena Tsuy (tudo indicava que o amante seria morto numa emboscada sórdida).
Os minutos voaram e o sujeito voltou ao quarto que havia transformado em escritório. Olhou desconfiado, como se soubesse que as folhas de papel sobre a mesa e a tela do monitor haviam sido por nós defloradas. Foi nessa hora, momento exato, que Tsuy experimentou se comunicar através de seus bons olhos azuis-piscina: "E se matássemos o sujeito, antes que calcasse novamente a caneta no papel ou carimbasse as letrinhas miúdas nessa tela incandescente?", arguiu Tsuy com simples olhar. Aí está, disse você, não que não haja crime, mas que seja ele a vítima. Sorri por dentro .


















Imagem em: http://downloads.open4group.com

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