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Ok?

terça-feira, 18 de maio de 2010

Amigos, amigos...

f.n.



   - O quê?! Tá maluco, cara? 
   - Vou te explicar de novo: você não gostou do que eu fiz, não é?
   - Nem um pouco... Tá uma merda!
   - Tá reclamando porque já pagou tudo?
   - Paguei e não vi o resultado que você prometeu.
   - Então... Vou te explicar de novo: fica assim, você não me deve nada; eu não te devo nada. Estamos quites.
   - Você quer me passar a perna. Mas esquece que eu posso fazer tua caveira, falar que você é um merda de um profissional. Nunca mais arruma nada...
   - Não se eu te der uma bem no meio da moleira... Aí ficamos quites.
   - O que foi? Tá louco, meu?
   - Você que disse: “amigos, amigos...”
   - E acha que vai ficar por isso mesmo? Tenho parentes. Vão atrás de você, vão te pegar? Saímos de carro pra comprar um ou dois gigas de memória, lembra? Se eu não voltar e aparecer morto, todo mundo vai atrás de você...
   - Atrás de mim? Na hora do crime eu tô em São Paulo. Comprei a passagem e viajei ontem. Tem um cara igualzinho a mim que me fez esse favor, é tira. Agora deve estar no boteco do Osvaldo, enchendo a cara. Até a voz dele é igual à minha.
   - Que Osvaldo é esse?
   - É o dono do boteco, porra! Mas isso não vem ao caso. Aceita ou não aceita?
   - Peraí... E você vai ficar o resto da vida na mão desse cara, desse teu sósia?
   - Não é  sócia! Como é que você sabe que ele é traveca nas horas vagas? É só parecido comigo. Depois, você não sabe o que eu preparei pra ele... Mas isso também não é da tua conta. Aceita ou não aceita as condições? Fica o dito pelo não-dito, você me passa o talão de cheques, a carteira...
   - Peraí, peraí... Não foi esse o combinado. Você disse que estávamos quites e só!
   - Vacilou, vacilão... Tem hora pra tudo. É como eu te falei: “amigos, amigos...”
   - Fui eu que te disse isso, esqueceu?
   - Tá bom... Mas que importância tem? Resolve logo que já tô perdendo a paciência. Bobeia e eu mesmo decido a parada. Dou uma na moleira, uma só, bem no meio... e tá resolvido!
   - Não, não.. peraí! Pensa bem: tudo isso só por causa de um micro que deu pau?
   - Você que disse que deu pau. Pra mim tá turbinado.
   - Não vem ao caso... Escuta, se eu te der a carteira, o talão de cheques e esquecer a memória, tudo bem?
   - Tá pensando que eu sou trouxa, meu? Você me dá a carteira, os cartões, os cheques... Eu saio a pé e você de carro? Daqui a pouco me aparece com um batalhão da PM atrás de mim.
   - Tá... Vai querer levar meu carro também?
   - Isso, não... Não sei dirigir, nem tenho carteira. Acho melhor a gente passar no banco, você tira a grana.... Sequestro relâmpago, sacou? Você mesmo usa os cartões, não quero nada seu...
   - Escuta, cara, você é louco?! Tá aí com um pedaço de ferro na mão, dizendo que vai me acertar a moleira. Por acaso tás achando que vai entrar no banco com esse pedaço de ferro?
   - Não precisa... Você vai lá sozinho, pega o dinheiro, raspa a conta e me traz aqui.
   - Parece doido... Na hora que eu entrar no banco posso gritar que tem um cara me sequestrando, coisa e tal...
   - Tua mulher vai pagar caro.
   - O quê que minha mulher tem a ver com isso?
   - Ela também não gostou da máquina. Torceu o nariz quando eu falei que precisava de mais memória. Tem um cara igualzinho a mim tomando conta dela. Se eu não chegar em meia hora com a grana viva na mão, ele executa.
   - Acha que eu vou acreditar? Tem um cara da polícia,  igualzinho a você em São Paulo, no bar do Ronaldo...
   - Osvaldo!
   - Tá bom... Osvaldo! Tem outro cara igualzinho a você tomando conta da minha mulher em casa, tem mais você, igualzinho a você, aqui comigo no carro? Acha que eu vou acreditar? 
   - Cê que sabe... 
   - Vocês tão em quantos, afinal?
   - Se eu te falar, você não acredita... A gente trabalha em rede, já ouviu falar?
   - Brincadeira isso...

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