Na hora de fazer o balanço da sua vida, não deixe de levar em conta o tempo que perdeu, dizendo: “É mesmo...” (tal como esse agora, não é mesmo?), também não se esqueça de computar o quanto se arrependeu por não ter pregado a mão na cara daquele filho da puta, seja lá quem for, nem por ter deixado de comer alguém que estava ali pra isso mesmo, esperando um “vamos?” sair da sua muda boca, contabilize as horas passadas em vão diante de algum telefone, igualmente mudo, anote aí neste balanço o dia em que tomou um porre e perdeu o melhor da festa, aquele ano em que você “quase” passou por média e o tempo que gastou contando isso a tanta gente, lembre-se de quantos olhares deu e a quantos surpreendeu, também não me venha com subterfúgios, porque algum bullying você fez na vida, em que pese as vezes em que desistiu antes de ter começado, passe em revista também as “sortes”, por assim dizer, ao atravessar milhares, milhões, bilhões de ruas e avenidas, ao escapar de dezenas, centenas, milhares de assaltantes, todos àvidos pela sua graninha, comemore como se fosse hoje as vitórias do seu time do coração, por falar em coração, que tal a ponte que você não tem, porque nunca precisou de nada lá dentro, a não ser um pouco de amizade e carinho, amor? não se esqueça de agradecer ao muito que teve, bem mais do que merecia, pense também no bem que fez e no mal que não deixou que fizessem, reserve um lugar especial para os sonhos que ainda persistem, coloque-os lado a lado com as desilusões, mas, atenção! todos no mesmo prato da balança, que vem a ser este balanço, quanto mais incompleto, melhor...