1º de janeiro com cara de 1º de abril: a partir de hoje entra em vigor a nova ortografia da língua portuguesa. "Idéia" não tem mais acento, "pêlo" também não; "Faísca" não tem, mas Piraí, sim. Acabaram com o trema, esconderam o hifen... Segundo juram as elites ortográficas, com essa reforma, Portugal e Brasil finalmente escreverão da mesma forma (por falar nisso, se você quiser, ainda pode colocar acento em "fôrma" pra diferenciar de "forma", fica ao gosto do freguês, pode????).
Ortografia unificada, só que os portugueses ainda escreverão "António", enquanto aqui sempre foi e sempre será "Antônio". Ora, seus desocupados, por que não acabaram de uma vez com todos os acentos e crases? Qual o sentido em se manter o acento agudo de café, por exemplo? Se alguém falar "cáfe" em vez de "café" merece uma surra de vocábulos.
Quem pensa que tudo isso é bobagem e não tem consequências práticas deve lembrar que a partir de agora teremos que comprar novos dicionários, as editoras publicarão novas edições dos mesmos livros, agora "revistos e ampliados"... Hahahahaha. Já pensaram quantos milhões serão "investidos" só em livros e material didático? De quanto foi a comissão?
Estou pensando seriamente em propor um movimento de desobediência civil: pelo menos aqui na web ninguém escreve mais nada com acento, crase ou hifen, que tal? Vc embarca nessa comigo?
1º de janeiro com cara de 1º de abril: tem gente jurando que dessa vez teremos paz no Oriente Médio.
(O acento deve ser permitido apenas em alguns casos para evitar malentendidos. Exemplo: "Voce é um filho da puta". Se alguem escrever: "Voce e um filho da puta" vai estar falando de duas pessoas, entendeu? O ideal seria escrever "eh", mas ai ficaria parecendo conversa no ICQ do seculo passado hehehe...)
Recebi este comentário sobre a "Reforma" ortográfica. Reproduzo na íntegra:
"Fernando, seu artigo no Blog foi muito oportuno e sugiro que, além das evidências de que existem interesses comerciais em toda a parafernália criada e apoiada com "unhas e dentes " pelos que vão usufruir, financeiramente, da nova burrografia, um detalhe que pode ser acrescentado ao seu texto, e que julgo da maior relevância: a dificuldade no ato de alfabetizar, que já é bem acentuada, e que tornar-se-á pior com a retirada incrível dos tremas.
Como você sabe, trabalho na secretaria de uma escola onde só há o antigo curso primário ( já mudaram milhões de vezes o nome ). Creia: dentre as imperfeissoras, seguramente, 90% são semi-analfabetas - será que este hífen foi extinto ? . Já entrei em salas onde as imperfeissoras escreveram no quadro: RÚBRICA, COMPREENSSÃO, MENAS DIFÍCIL e por aí vai....
Se já não sabiam o que de mínimo lhes poderia ser esperado, fico a imaginar que as "IMPERFEISSORAS " ensinem aos pobres alunos a falar frequência, adqüirir, sequência, sequela ( NB: OS ACENTOS, NATURALMENTE, ELAS NÃO OS COLOCARÃO-SERIA EXIGIR DEMAIS, NÃO É MESMO? ) Você deve saber a razão do terrível declínio na formação delas: também o foi por interesses comerciais dos donos de " CURSOS ANORMAIS ", jogando por terra a excelência de qualidade do saudoso Instituto de Educação e Carmela Dutra, que deixaram de preencher, automaticamente, os quadros do magistério primário, instituindo-se um concurso geral, no qual, posso assegurar, essas IMPERFEISSORAS não prestaram exame. Fiz diversas provas para o Estado e Município e tenho convicção de que elas jamais seriam aprovadas ( HÁ PROVAS DISCURSIVAS SOBRE DIDÁTICA E PEDAGOGIA, bem puxadas, por sinal !!!). Julgo que outras pessoas tenham comparecido no lugar delas no dia da prova. ( Já comentei sobre isso aqui na Escola ).
Enfim, há saída? Fala-se em reciclagem... Você acredita que burro velho, que nem lê, aprenderá a escrever corretamente? Só no dia de São Nunca !!!!
Enquanto isso, os " DOUTOS " defendem uma postura inconcebível, afirmando a necessidade da aproximação do linguajar de Portugal com o nosso...Faça-me o favor!!!! Acho que o Saramaga ( vou hoje ver o "Ensaio Sobre a Cegueira ", já li o livro ) deve DE estar ( percebeu o deve DE estar?) às gargalhadas com tanta heresia...
Forte abraço, Roberto"
