Quando tudo for passado
um dia
restarão as ditas palavras?
Lancinantes, anestésicas, canforadas...
Não há nada de mais
por trás delas
senão a intenção detonada
um suave envolver
de parte a parte
cínico?
O ladrar de um cão
interrompe a madrugada
prova viva
que o passado
já estava a caminho.
Se o cão é cão verdadeiro
o ladrar,
suas palavras traz de volta
emaranhadas
ecoando na lembrança
esta sim
quimera pura
ilusão da boa
que um dia haverá de se perder
mas não há porque
pensar nisso agora.
Os sonhos
um, dois, muitos se vão
mas o coração
este sim
marca passo.
O mal não há de ser suavizado
o perfume da manhã
a todos regenera
enquanto as ditas palavras
um dia pensadas
sem serventia
impunes
agonizam.