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Ok?

quarta-feira, 31 de março de 2010

A Caminho do Julgamento (6 de 6)

Claro que ele percebeu que você não queria testemunhar, nem deixar que eu o fizesse. De certa forma entendo a sua posição: você não acha justo que permaneça escrava do sujeito, só porque foi ele quem nos criou, não é isso? Se não for, diga. É bem verdade que o manda-chuva sentiu o golpe, Lucélia, mas não foi isso que de fato o magoou. Ouvi quando você disse baixinho, quase murmurando no seu ouvido, não tenha medo de contar uma estória que todos entendam, senhor Diego , afinal, muitos assassinos famosos se livraram das grades com estórias fascinantes, porém mentirosas, tão falsas como esse sorriso que ostentas agora, Dieguito dos Santos y Santos. Foi a primeira vez que ouvi o nome completo do indivíduo que àquela altura ainda era o nosso pai. Imaginei-me como Arturo dos Santos y Santos, vivendo neste pequeno espaço ao lado de Lucélia dos Santos y Santos (você mesma, Lu) e Tsuy (para ela não caberia um sobrenome tão pomposo, contraditório com a sua personalidade).
Diego filho, nosso pai, agiu como se você tivesse acabado de descobrir a trama por trás da trama, uma estória de verdade, que essa nossa tenta encobrir. Mas o que teria Diegão soprado no ouvido de Dieguito, a ponto de ameaçá-lo caso não apresentasse um álibi convincente? Você me diz que é um crime hediondo, Tsuy confirma, balançando sua cabecinha de miniatura oriental, até o amante de Tsuy, que até agora nada dissera, levanta o polegar da mão direita e acena para o sujeito, o indivíduo, segundo todos vocês, o criminoso da família Santos y Santos, aquele que pode vir a escrever o restante desta tosca estória no banco dos réus. 


Alguém Bate À Porta ( 5 de 6 )


Nos dias de hoje a vida é tão surpreendente que chega a desafiar a imaginação de pessoas que inventam estórias, como essa em que estamos metidos, eu, você, Tsuy e o próprio sujeito que se diz autor. Tanto é assim que enquanto ficamos aqui em nossas idas e vindas, à espera de que ele tome afinal uma decisão qualquer, eis que pancadas na porta despertam-nos a todos. O sujeito deu um verdadeiro salto da cadeira, como se tivesse escutado algo do tipo abra imediatamente, é a polícia! Não era, mas quase. O pai do nosso pai, se é que podemos chamar o indivíduo de "nosso pai", entrou e foi direto ao assunto, perguntando o que você fez nas últimas 24 ou 48 horas, Dieguito? Isso sem perceber que, dificilmente no estado em que o sujeito estava, qualquer coisa que dissesse não ia passar de desculpa esfarrapada para a longa noite de completo desvario. O sujeito, o indivíduo, que, agora sabemos, chamava-se Dieguito, com uma boa dose de surpreendente razão quis saber que história é essa? Por que a pergunta nessa altura do campeonato, papa? Enfim, veio a resposta que todos esperávamos, é bom que se lembre e que possa comprovar, como se diz nos filmes, o seu álibi, caso contrário, contrate um advogado para lhe defender de uma séria acusação de ..., e resmungou qualquer coisa no ouvido do filho que nós não entendemos, nem, é claro, podíamos perguntar o que era. Logo depois, o senhor Diego, pai de Dieguito nosso pai, disse olhando a tela do monitor em que vivíamos, vai preparando um álibi, essa acusação é séria, e a pena rigorosa, não importa até que ponto o autor estava bêbado. Ai foi a vez do indivíduo olhar para nós dois, mais na sua direção, quase como a pedir socorro, talvez procurando uma idéia, um testemunho impossível. Mas você, Lu, fez como Tsuy costuma fazer, abriu a boca e uma leve expressão de escárnio tomou conta de seu rosto. Depois me disse baixinho não se atreva a ajudar esse maluco, Arturo. Tem horas que a maldade brota de seus lábios, Lucélia, mas nem por isso deixamos de te desejar, eu e o amante de Tsuy, que te olha lá de baixo abraçado à pequenina.

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