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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Dúvidas, as de sempre ( 7 de 7 )


O pai voltou, agora sem papas na língua. Disse na frente de todos nós que Dieguito, seu filho, estava sendo acusado de um sequestro. Você abriu aquela sua boca, agora sem sorriso algum. Tsuy permaneceu imóvel, seu amante, bem, este aparecia e desaparecia quando lhe dava na telha. 
Diego pai perguntou a Diego filho se este já arrumara um bom advogado. Dieguito apenas olhava, ora para nós, ora para a janela, por onde entrava o ar azulado da manhã. 
O sequestro, ficamos sabendo, envolvera mais de uma vítima, talvez duas, três ou quatro... Nessa hora você fez uma cara de quem diria, pelo menos foi isso que me passou, ou quem sabe eu mesmo tenha projetado tal espanto em seu rostinho freezado. Me deu vontade de dizer ao sujeito que ele confessasse de uma vez onde estavam aquelas pessoas, a não ser, é claro, no caso de ter dado um fim nelas, coisa que nenhum de nós acreditava. Tsuy fez que se movia em direção à porta de sua pequenina residência, mas o pai de Dieguito moveu-se naquele instante, como uma pedra de xadrez, e isso paralisou a pequenina.  
O motivo para o sequestro? Sim, não havia nenhum, pois Dieguito negava sua autoria. Inveja? Parece que acusavam o sujeito de estar apaixonado pela namorada de um tenente da polícia. Ciúme? Ao que tudo indicava, a moça rejeitou o indivíduo e isso o teria deixado “fora de si”, nas palavras de seu próprio pai. Cobiça? Com certeza, pois Dieguito sabia que a família da jovem pagaria qualquer coisa para libertar a filha. Os motivos ainda estavam sendo arrolados quando a equipe meteu o pé na porta do escritório e levou Dieguito algemado. Seu pai bradava por justiça e talvez por isso tenha levado uma coronhada na testa, que o deixou caído no corredor do minúsculo apartamento. 
Enfim, você se mexeu e eu lhe perguntei o que aquela confusão tinha a ver comigo e com você, Lucélia. Mas tudo o que ouvi foram os passos do amante de Tsuy, entrando na sala, vindo sabe deus de onde, e agarrando a japonesa ali mesmo, na frente de nós dois e de quem mais olhasse para a tela do monitor.  
Mais tarde alguém apagou a luz do escritório e desligou as máquinas. Tive um pesadelo: eu, você, Tsuy e seu amante ficaríamos presos na cabeça do sujeito. Para sempre, como as dúvidas que me atormentam. 

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